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  • Foto do escritorLuluca Duarte Gonçalves

O que é dançar...

Certa vez na escola, eu tinha sete anos, vi a tia da turma com um grupo de meninas no pátio. Quando ela ligou o som e os movimentos começaram, eu fiquei encantada. Como queria estar entre aquelas crianças dançando. Elas escutavam uma música do gênero Jazz e os gestos do grupo eram embalados por guarda-chuvas. Era tão lindo, mais bonito que a vista da roda gigante no parque de diversões de uma noite estrelada. Elas eram as estrelas e eu quis também me tornar uma. Lembro que a música não saía do radiozinho em minha cabeça, a música estava no ambiente, nas pessoas, nos guarda-chuvas. Eu não estava sonhando acordada, vivia um sonho. Logo, muito serelepe, eu pedi à professora para participar daquela dança.

Nosso número seria apresentado em uma grande festa da escola, em um teatro, no palco...Pensei comigo: "Uau!!" Fiquei felicíssima porque pessoas me veriam em um grande momento de êxtase. Comparecia a todos os ensaios, ia para casa lembrando dos passos, quando chegava em casa eu ensaiava mais antes de jantar. Queria dançar bem, mas , para além, queria dançar e viver aquela felicidade muitas vezes, viver e reviver os passos, escutar aquela música, tomar o guarda-chuvas como um par para mim como alguém com quem eu poderia dividir a alegria de existir naquele momento.

Minha mãe providenciou todo o meu figurino. Escolheu uma calça linda toda preta, muito confortável com uma amarração. Amava o Guarda-chuva que me dera, todo preto com a Minnie e o Mickey Mouse sorridentes desenhados em uma de suas bordas. Olhava para eles, parecia que iriam dançar, quem sabe sair da borda para dançar comigo? Depois de dançar com as outras crianças ali, cresceu uma fé em mim de que tudo de bom poderia acontecer, assim como um alquimista que descobre a fonte milagrosa da eternidade.

Linda música, lindos passos, roupinha impecável. Quando apresentei no teatro encarnei um desbunde puro, me sentia esfuziante e também lamentei porque não haveria mais ensaios pra repetir tudo outra vez. Dançar é sentir para mim e, ao mesmo tempo, não cabe em mim.

Dançar tem a ver com ritmo, cultura, movimento,expressão, é Arte. Sobretudo, dançar é arte nas ruas , no teatro, nas escolas de dança e na Educação Física. Por meio da dança criamos gestos para representar valores, acontecimentos, histórias. Gestos são os símbolos que codificamos dentro de uma cultura com os quais falamos aquilo que não se contempla apenas nas palavras faladas ou escritas, ou apenas no ordinário de nosso cotidiano. Traz um novo tom, revela a intenção, transpõe o objetivo de um fazer e agrega vários subjetivos.

Dançar comunica, descreve Medeiros (2010). O que concebe em cada gesto dançante, na expressão de quem dança, sob os focos de luz e se ilustra nas vestimentas bailantes. Comunica nos espaços onde frui com ou sem som. Comunica diversos saberes e enfatiza que, para se ter conhecimento, o corpo se faz fundamental e prerrogativo. Sem a existência do corpo não se constrói o saber, pois o corpo dá ao indivíduo sua existência concreta.

Assim, penso, que se dançar é sentir e saber que se dá no corpo, ouso dizer: Dançar é uma forma de existir.

 





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